domingo, 6 de junho de 2010

Fiódor Dostoiévski

"Não havia ali senão sonhadores, e essa evidência, que saltava  aos olhos, produzia sobre os nervos uma impressão tanto mais viva porque esse devaneio dava à maioria daqueles homens  um ar de doentes morosos. A maioria, rabugentos e taciturnos até o ódio, não gostava de expor à luz  do dia suas esperanças. Desprezavam a ingenuidade e a franqueza; o sonhador percebia que suas esperanças tocavam às raias do inacessível, mas não lograva renunciar a elas; sepultava-as no mais profundo receso de si mesmo com uma teimosia e um pudor ferozes. Talvez se envergonhassem delas. Quem sabe lá?".

In:  Recordação da Casa dos Mortos

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